Reunião camarária descentralizada
centrou atenções na marginal e zona ribeirinha

Seixas registou o maior número de moradores inscritos (15) para intervir numa reunião camarária descentralizada, de todas quantas se realizaram até agora (11).
O presidente da Câmara, face a este número recorde de pessoas interessadas em intervir, humorizando, disse que "espero que não seja pelas queixas".
Viveiro é aspiração
A marginal seixense e a zona ribeirinha da freguesia concitaram as atenções de alguns dos intervenientes.
O vereador Guilherme Lagido, a propósito desta zona da freguesia, ("uma varanda junto ao rio", assim a definiu Miguel Alves), considerou que "Seixas é muito mais bonita vista do rio do que de terra".

"É fundamental", frisou Rui Ramalhosa, presidente da Junta de Freguesia, a instalação de um viveiro para os pescadores, tal como efectuar a limpeza da marina e da própria marginal, arranjar a relva e colocar o parque infantil (pedido feito igualmente por Dionísio Rua, membro da Confraria de S. Bento, dado que o actual parque se situa por detrás da capela, além de ter solicitado a instalação de um queimador de cera e a criação de uma zona de descanso para os peregrinos nesse espaço, a par de sugerir a programação de eventos para o Santuário de S. Bento), e exigindo a continuação da ecovia até Lanhelas, bem como a ligação a Pedras Ruivas.
Na sua intervenção, o autarca seixense sugeriu ainda aos encarregados de educação de Seixas que matriculassem os seus filhos na escola, dado existir o risco de encerramento devido à falta de inscrições.

O estado de abandono a que a marginal (entre o cais de S. Sebastião e S. Bento) se encontra há muitos anos, mereceu igualmente um reparo por parte de Rui Vivo, presidente da Assembleia de Freguesia. Este autarca perguntou ao Executivo "o que é que vão fazer", porque esta zona se encontra "em muito mau estado".
Falando sobre a zona ribeirinha de Seixas, Rui Vivo chamou a atenção para a sua importância turística, lamentando que o restaurante de Pedras Ruivas se encontre encerrado.
Viveiro ainda sem concurso

A construção de um viveiro de peixe (provavelmente na zona do cais de S. Sebastião) mereceu não só a atenção do presidente da Junta, como de António Felgueiras, presidente da Associação de Pescadores para a Preservação do Rio Minho.
Este pescador considerou que já tem o projecto e tudo se encontra "bem encaminhado", além de frisar que esta ideia já existe desde o executivo camarário anterior.

A construção do viveiro foi assumida por Miguel Alves, dizendo que o projecto já se encontra no terreno a fim de ser concretizado, e já existir co-financiamento.
Contudo, este optimismo não parece ser comungado por Rui Teixeira, o vereador com o pelouro das finanças, obras públicas e fundos comunitários.
Chamado a explicar em pormenor a situação dos viveiros, reconheceu que ainda não se encontra em concurso público, porque a candidatura para beneficiar do apoio do Programa Promar não avançara por ausência de um projecto que já deveria estar pronto desde o anterior mandato, o que atrasou o processo.
"Só havia um desenho", lamentou o edil, o que obrigou à elaboração de um projecto, constatando posteriormente que a verba necessária à obra era superior à inicialmente prevista.
Perante isto, o vereador não sabe quando irá avançar com o concurso.

Outro morador, Ilídio Pita, dizendo falar em nome de pescadores, perguntou ao Executivo se continuará a isentar o pagamento do aluguer das barracas onde guardam os apetrechos de pesca. Questionou ainda a possibilidade de um pescador ficar com duas barracas, pediu um "alpendre" onde os pescadores se possam abrigar enquanto arranjam a suas redes e a instalação de um sistema de videovigilância por causa dos furtos.
Em matéria de financiamentos, e aproveitando para responder às solicitações de reabilitação da marginal, Miguel Alves reafirmou que pretende qualificá-la e valorizá-la, criando condições para a actividade dos pescadores.
Das verbas do antigo QREN foi possível garantir o financiamento (80%) para a construção da ecovia a iniciar-se em breve.
Espera que com a entrada em vigor do novo quadro comunitário de financiamento, através da Uniminho, seja exequível garantir apoios para outros investimentos no âmbito da "cooperação transfronteiriça", por intermédio da Comunidade Intermunicipal do Alto Minho.
O autarca admitiu que a utilização das barracas dos pescadores por pessoas de fora da freguesia se verifica, devido a terem alugueres mais baratos, prometendo analisar estas situações.
Ficou surpreendido com a hipótese de ser colocado um "alpendre" para abrigo dos pescadores e prometeu inteirar-se do que se passa na marina de Vila Nova de Cerveira, onde o morador Ilídio Pita referiu o funcionamento de um sistema de videovigilância dos barcos.

Refira-se, por último, no que a este ponto geográfico estratégico de Seixas diz respeito, o lançamento da ideia por parte de Guilherme Lagido, de criação de passeios fluviais, atendendo à facilidade com que se acede ao rio na orla ribeirinha desta aldeia.
Casa Ventura Terra

"A Associação Ventura Terra nem sequer tem capacidade para cortar as ervas", lamentou Rui Vivo, numa aparente crítica ao processo desenvolvido pelo anterior Executivo camarário que "não deu importância a Seixas no passado recente".
Este caso deverá "ser gerido com inteligência", respondeu o presidente da Câmara ao repto lançado pelo presidente da Assembleia de Freguesia.

Recordou à assistência que encheu a sala, que o próximo Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN-2015-2020) não está muito virado para as obras, defendendo, por conseguinte, "a sua venda como património", no sentido de captar verbas de fundos comunitários que de outra forma seriam inalcançáveis. Miguel Alves revelou ter reunido já com a família Ventura Terra e defende que este imóvel "não pode ser uma coisa estática".
Espécies invasoras

A existência de espécies invasoras no rio (achigãs) e em terra (vespa velutina e acácias) mereceram um comentário de Marco Portocarrero, um morador de Seixas que se tem dedicado à eliminação desses insectos.
Apontou números e disse terem sido já eliminados 13 ninhos nesta freguesia (apenas resta um, no Alto da Veiga) e detectados cerca de 100 no concelho. Referiu-se a uma plataforma de eliminação dos ninhos da vespa asiática apresentada pelo Governo nos Arcos de Valdevez e mostrou-se disposto a colaborar no combate a esta praga.
A proibição da pesca do achigã e da carpa foram proibidos porque os pescadores desportivos as introduziram, no caso concreto, no rio Minho, pelo facto de darem gozo pesca-las à linha, justificou Guilherme Lagido.
Quanto à vespa asiática, o responsável pela área do Ambiente e Protecção Civil, lamentou que ainda não se conheça a biologia desta espécie e a sua adaptação ao nosso território e clima, e que os organismos nacionais ainda não tenham uma grande consciência do problema.
Problemas de lixo

A falta de contentores (Rua do Vale do Coura, como assinalou Cândido Pinto), a sua indevida utilização (pelos construtores civis, como denunciou Clarinda Pontes), ou a falta de limpeza dos tanques de água de Coura ("só vieram limpar ontem", pormenorizou Alexandrina Pinto, o que levou Miguel Alves a comentar com humor: "Estão a ver como estas reuniões têm interesse!?"), foram alguns dos casos abordados nesta sessão pública.
A situação dos tanques na Trav. do Castanhal levou Lagido a admitir que já se tinha deslocado ao local mas que a Câmara não tinha grande margem de manobra, levando-o, por isso, a sugerir aos vizinhos que se entendam.
Linha férrea pode constituir perigo
As questões prolongaram-se por mais algum tempo.

Mário Veloso levantou o problema da segurança no atravessamento da linha férrea nas Faias, assim como junto ao antigo Café 25 de Abril, ao passo que foi automatizada a passagem junto ao cemitério.
Este morador levantou ainda mais questões referentes ao lugar de Coura, como foi o caso das tampas das águas pluviais que "rebentam" com a água da chuva na Rua de Stº António e Faias - cujo piso está "péssimo", alertou - e falou da necessidade de dotar este lugar com um parque infantil. Pediu ainda informações sobre a recuperação do Largo da Feira.
"Ainda não analisamos com cuidado para este projecto", respondeu Miguel Alves à última interpelação do morador e ex-autarca.
Em relação à linha férrea, Guilherme Lagido referiu ser vontade da Refer diminuir o número das passagens de nível, e, no que toca aos problemas de água, prometeu deslocar-se aos locais para analisar in loco esses casos, atendendo a que "as interpretações divergem".
Sargetas tapadas

Desde Junho de 2014 que os moradores da Av. Ventura Terra aguardam pela reabertura das sargetas, tapadas pela colocação de um tapete betuminoso, o que cria poços de água à entrada das habitações, denunciou Fernanda Catarina. Guilherme Lagido interrogou-se sobre o porquê de terem taponado as sargetas, prometendo indagar sobre a sua autoria. A moradora atalhou, dizendo que existe um projecto do loteamento onde tudo pode ser visto.
Rabusca com problemas

"A Rabusca foi esquecida", lamentou João Catarino Gonçalves, antes de enumerar algumas deficiências que urge sanar. Apontou o pavimento na Rua do Cerquido e a colocação de barreiras laterais de segurança na Av. da Bela Vista.
Estrada das Faias é uma pista

A velocidade que os carros atingem na Estrada das Faias mereceu forte crítica de José da Silva. Quase foi colhido por um. Pediu a introdução de lombas para deter os aceleras, recebendo a promessa de Guilherme Lagido de que se irão debruçar sobre o problema.

A existência de uma rede e ferros na Trav. do Castanhal, desde 31 de Maio, foi considerado "ridículo" por Maria Francisco, o que suscitou um protesto de outro seixense.
"Seixas já foi"

Antes de terminar a reunião, o vereador Flamiano Martins manifestou o seu contentamento por terem abordado temas que conhece bem, nomeadamente a pesca, e comungou da ideia de beleza atribuída a Seixas no decorrer das intervenções.
Aproveitando um passo da homília do pároco da freguesia na missa integrada no programa das comemorações do Dia da Comunidade Seixense, quando foi dito que "Seixas já foi", fez votos para que o potencial desta freguesia venha a ser aproveitado, "se todos se unirem", frisou.
"Isto é democracia"
Miguel Alves elogiou a produtividade da reunião e assegurou terem anotado os problemas levantados nesta sessão, dizendo que "isto é democracia".
"Seixas pode contar com a Câmara de Caminha", garantiu, porque, "estamos aqui para melhorar para todos".