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Andebol

Duas irmãs caminhenses rivais em clubes galegos

Disputam o Campeonato Nacional de Espanha

Ana e Bárbara Cerqueira Rodrigues, duas andebolistas caminhenses, disputaram no passado fim-de-semana no Pavilhão da Sangriña, em A Guarda, mais uma jornada da Liga espanhola da 1ª Divisão, num jogo de rivalidade regional.

A primeira, envergando as cores do Atlétic Club Mekalia Guardés, e a sua irmã, as do Clube Balonmano Porriño.

O clube local venceu por 34 - 20. Com um pavilhão repleto de adeptos vibrantes - o que sucede habitualmente na Sangriña-, incentivando a equipa guardesa que aspira a conquistar pela primeira vez o campeonato espanhol.

O resultado espelha a diferença entre as duas equipas, apesar do equilíbrio registado nos 10 minutos iniciais. A partir daí o Guardés superiorizou-se e com a lesão de uma atleta do clube visitante, o resultado foi-se desnivelando cada vez mais. Incapaz de dar a volta ao jogo, o técnico do Porriño terminou a partida com algumas jogadoras juvenis em campo.

A par da rivalidade entre os dois clubes galegos, a curiosidade recaía ainda no facto de as duas irmãs caminhenses se irem defrontar pela primeira vez, depois de ambas terem jogado juntas no Mekalia Guardés.

Bárbara transferiu-se esta época para o Porriño, após o ingresso de quatro jogadoras angolanas no Guardés. Ana permaneceu no seu clube de sempre. Jogou na ponta esquerda e apontou um golo. Bárbara, defesa, passou o jogo a entrar e a sair, de acordo com as jogadas de defesa ou ataque da sua equipa. Pelo seu posicionamento no ringue, tiveram poucas oportunidades de um contacto directo, próprio do desenrolar do encontro, como poderia suceder. O que acabou por ser bom para ambas, sem que isso pudesse significar qualquer animosidade, até porque confraternizaram no final do duelo desportivo, não desejado por qualquer delas, mas fruto das contingências das suas carreiras desportivas.

Bárbara integra regularmente a selecção nacional de Sub-20 de Portugal e Ana foi chamada no ano passado para um estágio da selecção absoluta, embora não tivesse incluído o lote de eleitas que participou no Mundial de 2014.

No final do encontro, enquanto que era prestada homenagem às jogadoras espanholas do Mekalia que se sagraram vice-campeãs do Mundo, Ana e Bárbara analisaram o jogo e revelaram ao C@2000 o que sentiram ao defrontarem-se pela primeira vez num jogo oficial.

"Fizemos frente"

Bárbara: - O resultado final é sempre justo mas, acho que não dita aquilo que o jogo foi. Acho que foi muito mais renhido e muito mais equilibrado do que aquilo que o resultado demonstra. Nos últimos dez minutos fomo-nos abaixo completamente devido à rotação da equipa e que baixou o ritmo do jogo, o que é normal. Mas, fizemos frente ao Guardés.

C@2000: - Gostas de jogar no Porriño?

B: - Claro. Eu gosto de jogar, seja onde for.

C@2000: Como te sentiste ao jogar contra a tua irmã e ex-companheira?

B: - É complicado jogar contra o meu clube de sempre e contra a minha irmã, e logo depois de ter tido a recepção que tive ao chegar aqui. Mas há novos clubes e novas oportunidades que temos de aproveitar.

C@2000: - A sensação foi boa, portanto?

B: - Claro que foi.

C@2000: - E quanto à selecção portuguesa?

B : - Está tudo encaminhado. Agora temos o apuramento para o Europeu e lutar ate ao fim.

"Custou bastante"

Ana: - Foi muito complicado jogar contra a minha irmã, porque eu não estava habituada a isto". É a primeira vez que jogo contra a minha irmã e contra a equipa que é a nossa rival directa aqui na Galiza. Custou bastante.

C@2000: - O resultado foi justo?

A: - Acho que fomos superiores, embora no início do jogo tivesse sido muito renhido porque elas estavam muito bem fisicamente, mas depois nós rompemos o jogo e acho que fomos superiores em tudo.

C@2000: - Apenas marcaste um golo…

A: - Sim, porque não tive mais oportunidades para marcar golos mas fiz o meu trabalho na defesa, onde acho que estivemos muito bem e, no geral, em todo o jogo.

C@2000: - A tua irmã faz falta à equipa?

A: - Sim. A mim faz-me muita falta. Quanto à falta que faz na equipa, é muito complicado dizer porque são decisões do treinador e do clube que eu tenho de aceitar, quer queira, quer não.

No meu entender, a Bárbara tem valor para estar aqui porque é uma grande jogadora mas a vida não deixou que fosse assim e eu quero que ela seja feliz onde está.

C@2000: - O Guardés vai lutar por ser campeão de Espanha este ano?

A: - Lutamos para isso. Este ano temos uma grande equipa, melhor do que a do ano passado, mas sem menosprezar a anterior. Temos um plantel muito amplo e podendo cada uma jogar sempre, criando muito rendimento a cada jogadora, conforme as decisões do treinador.

C@2000: - Pensas integrar a selecção portuguesa?

A: - Fui a uma concentração há pouco tempo, mas não me chamaram para o apuramento do Mundial. São decisões do seleccionador que eu respeito.

Pais apoiam filhas

Foi um jogo muito especial para os pais de Ana e Bárbara, ao assistirem a este primeiro enfrentamento desportivo entre as suas filhas.

José João Rodrigues tem vindo a dedicar-se exaustivamente à carreira desportiva de ambas. Ainda agora, percorre diariamente perto de 450 km diariamente para que a Bárbara concilie os estudos no Porto com os treinos e jogos no Porriño. A filha mais velha, Ana, já é profissional no Guardés e vive lá toda a semana. No passado, transportava ambas para o pavilhão da Sangriña, quando jogavam juntas no Mekalia Guardés.

"Coração dividido"

C@2000: - Tivemos um pai com o coração dividido durante este jogo?

JJ: - Sim, um bocadinho. Já ando com elas há muitos anos (10/11 anos). Isto foi complicado porque o meu clube sempre foi o Guardés, - um clube altamente profissional -, e, no Porriño, há muitas jogadoras que trabalham ou estudam, treinando todos os dias. Agora, tenho que me dividir um pouco entre as duas.

C@2000: - É difícil conciliar todo este esforço no apoio às duas?

JJ: - Não. Tem que haver boa vontade, principalmente da minha parte. Levo a Bárbara de manhã para o Porto, trago-a da universidade às duas da tarde e o treino é das 20 às 22 horas, regressando depois a Caminha para partir logo de manhã cedo para as aulas na Invicta. Por seu lado, a Ana comparte a semana entre Caminha e A Guarda.

C@2000: - Como vês o resultado desta partida entre o Guardés e o Porriño?

JJ: - Acho que foi justo, porque o Guardés tem uma equipa totalmente profissional, possuindo apenas duas raparigas que estudam. Algumas acabaram de sagrar vice-campeãs da Europa e que fazem muita diferença.

C@2000: - Gostarias de as ver jogar juntas num clube português?

JJ: - O campeonato português tem um nível muito abaixo das suas capacidades. Em Portugal treina-se muito pouco. Não há condições a nível da selecção nacional, tanto para uma, como para outra. Creio que Portugal está a anos-luz de Espanha. Na selecção de Juniores A, onde se encontra a Bárbara, quase que não há roupa para treinar.

Isto é um alerta para Portugal que é a quarta selecção da Europa e a 11ª a nível mundial em Juniores C.

Espero que os políticos e os responsáveis pelo desporto nacional tenham em atenção estas 14/15 miúdas com altíssimo nível.

"É um orgulho muito grande"

Isabel Cerqueira, a mãe das duas atletas, reconheceu que não tinha o coração tão dividido quanto aos dois clubes em confronto.

Já o mesmo não sucede com as duas filhas, pelas quais não toma partido, evidentemente, "esperando que ambas joguem bem e façam as coisas da melhor maneira".

C@2000: - Foi difícil seguir este jogo?

I: - Sim. Custou-me muito vê-las jogar uma contra a outra.

C@2000: - Preferias vê-las a jogar no Guardés?

I: - No Guardés ou no Porriño. Mas a vida é assim.

C@2000: - Com analisas o jogo?

I: - Fisicamente falando, o Guardés tem outra preparação que não tem o Porriño e um banco que lhes permite fazer as modificações ao longo do jogo. Mas gostei muito do Porriño que fez frente a uma equipa recheada de estrelas.

C@2000: - O que representa para ti ter duas filhas na alta-roda do Andebol espanhol?

I: - É um orgulho muito grande ter duas filhas no andebol, com um estatuto deste nível. É com muito sacrifício, principalmente da parte da Bárbara. Sem a ajuda do pai não seria possível. Quanto à Ana, já acabou o curso. Está como profissional de andebol, dedica-se só a isso e é mais fácil. Ao contrário das jogadoras do Porriño, todas muito novas, estudantes, combinando os estudos com o andebol - o que é de louvar porque se esforçam bastante -, mas têm futuro.

C@2000: - Contas vê-las na selecção nacional?

I: - A Ana já foi chamada para um estágio e a Bárbara tem respondido sempre às convocatórias.


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