População exige que edifício da escola primária
continue na posse da freguesia

No decorrer das comemorações dos 250 Anos da criação da Paróquia de Azevedo, realizadas no passado mês de Abril, o vereador Paulo Pereira adiantou a vontade camarária de entregar o edifício da antiga Escola Primária ao Grupo "Toca a Bombar".

Enquanto a escola funcionou até há três anos atrás, Junta e Câmara geriam o imóvel.

Encerrada, a população pretende que ela se mantenha na posse da freguesia, alegando que ela fora mandada construir e doada por José Joaquim Fernandes Salgueiro e Joaquim José Fernandes Salgueiro, "a pedido do povo da aldeia" que até então via os seus filhos aprenderem as primeiras letras numa casa particular.

Conforme nos descreveram Arminda Afonso Alves, de 74 anos e Ilídia Pires, de 70 anos, durante muitos anos as aulas foram dadas na casa de uma vizinha, a Ilídia do Pires (tia da segunda), mas como a família era bastante numerosa, tornou-se impossível continuar a ministrar lá o ensino, ocorrendo-lhes então pedir à família Salgueiro a cedência de um terreno e construção do respectivo edifício, o que foi aceite, levando a que a escola entrasse em funcionamento a partir de 1917.

Arminda Alves recordou que a professora (D. Ilídia) vivia com uma filha no próprio edifício da escola, "colhendo batatas e hortaliças nos leirõesinhos aqui em cima", sucedendo-lhe nessa missão a D. Augusta.

Ilídia Pires recordou ter sido a sua mãe Maria dos Anjos Ribeiro que pedira ao seu tio Joaquim Salgueiro para "fazer uma escola para a freguesia", bem como assinalou que o próprio Padre Augusto (uma referência da freguesia de Azevedo) chegou a ministrar aulas em casa dela.

ABAIXO-ASSINADO

Em consonância com este sentimento, correu um abaixo-assinado em Azevedo, "exigindo que a escola continue na posse da Junta de Freguesia como sempre esteve", frisam.

Uma vez que a Câmara pretenderia entregá-la a uma associação, "mais depressa deve continuar na posse da Junta de Freguesia, para que esta possa utilizá-la da forma que a freguesia achar mais conveniente", lê-se nesse abaixo-assinado subscrito por 72 moradores, entendendo ainda que deve ser dada a essa casa "a dignidade que ela merece".

Acrescentam que "a Câmara Municipal não pode querer entregar o que é nosso, a quem muito bem se entende", avisando que não é sua intenção "andar com processos judiciais", contudo, se a tal forem obrigados, "também o faremos", avisam.

Na tarde de hoje (Sábado), habitantes de Azevedo tentaram entregar a habitação à Junta de Freguesia, deparando contudo que alguém tinha mudado as fechaduras do edifício.

Decidiram então chamar um serralheiro que procedeu à colocação de novas fechaduras.